'Eu não consigo identificar prejuízo' diz reitor da UFSM

Nos últimos dias, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foi protagonista de um feito histórico, que pode definir muitos momentos da cidade daqui para a frente _ o antes e o depois do vestibular. No centro de toda a polêmica sobre a adesão total ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que corresponde ao fim de um dos mais tradicionais eventos educacionais de Santa Maria e região, está Paulo Burmann.

Reitor da UFSM há apenas quatro meses, ele recebeu a reportagem na noite da última quinta-feira. Natural de Catuípe, na região das Missões, Burmann tem 55 anos. É filiado ao PDT e concorreu a reitor, em 2013, pela quarta vez.

Durante aproximadamente 50 minutos de entrevista em uma sala anexa ao seu gabinete, no 5º andar da reitoria, Burmann respondeu questionamentos que estiveram na cabeça de boa parte da população que se manifestou pelo fim do vestibular já neste ano. Entre eles, se poderia ter interferido na decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e se a bandeira da democracia realmente foi hasteada por ele. Além disso, adiantou que a UFSM estuda fazer um último processo seletivo neste ano para os candidatos ao Processo Seletivo Seriado 2 e 3. Também explicou o que deve ocorrer com a Comissão Permanente do Vestibular (Coperves) e explicou os planos da UFSM para assistência estudantil.

Burmann diz estar insatisfeito com algumas manifestações

Com uma fala pausada, que indica sua opção pela escolha certeira das palavras, em certos momentos, fez desabafos. Ao mesmo tempo que declarou estar tranquilo com a adesão total ao Sisu, mostrou-se insatisfeito com manifestações que indicam uma abertura da UFSM para estudantes de fora da região.

_ Temos que reservar essa universidade só para nós porque não podemos admitir que ninguém venha competir conosco? Não acha que isso é uma coisa perversa demais conosco mesmo? Num momento que precisamos tanto melhorar a nossa autoestima _ declara Burmann, referindo-se a manifestantes que declararam que estudantes de outras cidades vão roubar as vagas dos estudantes de Santa Maria.

Diário de Santa Maria _ O senhor assumiu há quatro meses e já está no centro de uma polêmica dentro e fora da UFSM. Como tem passado os últimos dias por causa da repercussão do fim do vestibular?

Paulo Burmann _ A rotina da universidade foi ligeiramente alterada, muito em função das falas que temos de fazer, as respostas que a comunidade precisa ouvir. Isso roubou um pouco o tempo da gente, mas estamos absolutamente tranquilos em relação a esse assunto. Temos de considerar que há um grande contingente da população que não tem se manifestado porque talvez não tenha oportunidade de se manifestar, e é exatamente essa grande parcela da população que acaba se sentindo contemplada com a decisão que tomamos. O processo anda tranquilo, anda bem, a rotina burocrática e administrativa, funcionando. Nem poderia ser diferente.

As escolas estão perguntando sobre a programação de conteúdos e as próprias ações da Coperves. Não poderíamos parar todas as ações para tomar uma decisão, até porque, em nosso horizonte, o vestibular continuaria com 70% das vagas.

Diário _ Conselheiros apontaram que essa decisão foi totalmente política, e que a adesão ao Sisu já havia sido decidida após idas suas ao Ministério da Educação. Inclusive, um dia antes da decisão do Cepe sobre a extinção do vestibular, o senhor estava em Brasília. Isso aconteceu?

Burmann _ Absolutamente. Isso seria um atentado à soberania do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Seria uma atitude autoritária, um papel que não estamos dispostos a cumprir. E, além disso, sugere até uma subserviência da nossa parte. As nossas viagens a Brasília existiram e continuarão existindo. Quando temos assuntos de interesse da universidade, sempre que possível, estaremos viajando. Nós temos também funções de representação da instituição. E temos que levar aos fóruns adequados as